Análise cimatológica da década 2000-2009, Instituto de Meteorologia.
A análise dos dados meteorológicos preliminares para Portugal Continental indica que o ano de 2009 deverá classificar-se nos 10 mais quentes desde 1931, em relação à temperatura máxima e média do ar, com a temperatura média a situar-se cerca de 0.9ºC acima do valor médio de 1961-90 (normais de referência da Organização Meteorológica Mundial).
Nas últimas 4 décadas verifica-se que a década 2000-2009 foi, em relação à temperatura máxima, mais quente que a década 1990-1999, que por sua vez já tinha sido mais quente que a década anterior.
A tendência para um progressivo aquecimento á superfície, desde o início da década de 70 do século passado, é reflectida num aumento médio da temperatura média de 0,33ºC à década.
Esta tendência é confirmada com o registo da ocorrência dos 8 anos mais quentes depois de 1990 (1997, 1995, 1996, 2006, 1990, 1998, 2003 e 2009).
Durante a presente década verifica-se que só em 2008 se registaram valores de temperatura máxima e média inferiores ao valor médio 71-2000, sendo nos restantes anos sempre superior, realçando-se os extremos verificados n os anos de 2006 e 2009.
Em relação à precipitação verifica-se que durante a década 2000-2009, depois de 2004 só em 2006 se registaram valores de precipitação superiores ao valor médio. Nos restantes anos foi sempre inferior, sendo de realçar os anos de 2005 e 2007, que foram mesmo os mais secos desde 1931.
O relatório preliminar completo encontra-se aqui.
É impossível não reparar no facto de o relatório referir que nas últimas quatro décadas (desde 1970), se tem verificado uma descida dos valores da pluviosidade e uma subida dos valores das temperaturas. Não fosse este um fenómeno global e poderíamos pensar que há um conjunto de alterações que a democracia trouxe à sociedade portuguesa que estão a ter impacto no nosso clima. Desde logo, o abandono do mundo rural e as migrações associadas (que podem ter efeitos como o de ilha de calor). Também o aumento brutal do consumo de energia relacionado por um lado com vulgarização do uso do automóvel, e por outro a melhoria das condições de conforto e de bem-estar da sociedade em geral.
Será que existem outras alterações na sociedade portuguesa nos últimos 40 anos que resultam em alterações do nosso clima? Ocorrem-me os incêndios florestais (que julgo terem-se tornado mais frequentes nas últimas décadas) e as alterações à própria floresta, de que é exemplo a introdução do eucalipto (que representa algo como 20% da floresta portuguesa) em substituição da floresta autóctone.